Vários são os indícios de que a família Taunay procurou construir uma memória épica sobre vida de Aimé-Adrien.
O título "Caderno de notas de Amado Adriano Taunay encontrado no bolso de afogado nas águas do Guaporé ... a 5/1/1828 e encontrado no seu casaco" [sic], acrescentado muitos anos depois de sua morte, pode levar à conclusão equivocada de que o caderno foi encontrado no bolso do artista-viajante por ocasião de seu dramático afogamento no rio Guaporé em janeiro de 1828.
A caderneta que Félix Taunay escreveu para homenagear o irmão, Aimé-Adrien, mostra a maneira como se buscava vincular o destemor do jovem artista e a empreitada de desbravar os sertões do Império do Brasil.
Na formulação dessa memória tiveram papel fundamental Alfredo d´Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, e seu filho Afonso d´Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista, entre 1917 e 1945. Ambos sempre procuraram valorizar obras, desenhos e pinturas elaborados por membros da família, relacionando-os diretamente à organização do Estado nacional no Brasil e a instituições de arte e cultura que marcaram o país nos séculos XIX e XX, a exemplo da Academia de Belas-Artes, da Academia Brasileira de Letras e dos Institutos Históricos.
"Caderno de notas de Amado Adriano Taunay encontrado no bolso de afogado nas águas do Guaporé ... a 5/1/1828 e encontrado no seu casaco" [sic], pertencente ao acervo do MPUSP.