Quando pensamos em informação, raramente consideramos a importância do suporte. Todo o trabalho com o manuscrito de Aimé-Adrien Taunay só pôde ocorrer a partir do cuidado com preservação do papel e da tinta que o compõem. O documento chegou ao Museu Paulista em estado já muito deteriorado – tinta em processo de corrosão avançada, folhas frágeis e quebradiças, encadernação rompida, capa ausente. Reconhecendo seu valor histórico, as equipes de Museu e do Instituto Hercule Florence investiram em sua restauração. Além de conservar o documento, o processo trouxe mais informações para a sua compreensão, fazendo do projeto uma pesquisa interdisciplinar.
O restauro de um documento normalmente passa por diversas fases: registro detalhado de documento antes e depois; numeração das páginas; fotografias dos detalhes e dos danos; limpeza a seco e por meio aquoso; estabilização química e física do suporte e das tintas; encadernação e acondicionamento para guarda.
Devido ao estado avançado da corrosão da tinta, identificada como ferrogálica, que provocou manchas, rupturas e pequenas perdas do material nas áreas com tinta. A equipe do museu procurou aplicar métodos avançados para estabilizar esse processo e minimizar os danos causados no caderno. Para realização do projeto foi contratada a equipe do Laboratório de Conservação e Restauro SENAI e a consultoria da conservadora de papel Gessonia Leite de Andrade Carrasco.
A responsabilidade do conservador no processo de conservação e restauro é grande e precisa ser respaldada por diagnósticos, documentação técnica, fotográfica e por relatórios. Esses laudos técnicos formam o prontuário do artefato, que fica guardado e pode ser disponibilizado aos pesquisadores interessados.
As análises visuais e testes químicos são base para tomar decisões antes e durante o tratamento de conservação. Os registros são importantes para avaliar os resultados e acompanhar o estado de conservação do documento. Foi nessa fase que a equipe conseguiu observar a presença do texto escrito a lápis embaixo das anotações a tinta.
O tratamento para estabilizar a deterioração causada por corrosão da tinta ferrogálica foi desenvolvido pelo Instituto Holandês de Patrimônio no final da década de 1990.
Laboratório de Conservação e Restauro SENAI: