O caminho percorrido por Aimé-Adrien Taunay, entre os dias 18 de junho e 03 de julho de 1824, que ligava a capital à Morro Queimado, onde foi instalada a colônia suíça de Nova Friburgo, era muito conhecido e movimentado. Essa região era explorada desde o século XVII por intermédio do estabelecimento de pequenas e médias propriedades, dedicadas à produção de açúcar, cachaça e gêneros de abastecimento. Havia, também, exploração de madeiras (para embarcações de pequeno porte muito usadas nos rios da locais e no transporte de víveres na baía de Guanabara), pesca e criação e animais. O território era habitado por grupos indígenas, denominados Puris e Coroados, muitos dos quais aldeados e catequizados por ordens religiosas (como carmelitas e jesuítas) que detinham vastas sesmarias.
Com a vinda da Corte, em 1808, o governo de D. João estimulou a expansão das fronteiras agrícolas da capitania do Rio de Janeiro em direção ao Vale do Paraíba e à região serrana. Houve uma política deliberada de distribuição de sesmarias em áreas ocupadas pelas ordens religiosas e pelos grupos indígenas, o que resultou em confrontos armados e a incorporação de indígenas à economia como mão de obra. A implantação da colônia suíça responde em parte a essas demandas de produção de gêneros de abastecimento para a cidade do Rio de Janeiro. Com efeito, as terras de Cantagalo e Nova Friburgo eram também cobiçadas por agricultores nacionais e estrangeiros para formação de lavouras de café.
Nesse contexto, é provável que a viagem de Aimé-Adrien Taunay tenha sido financiada por negociantes e empreendedores franceses e pelo representante diplomático francês, o Conde de Gestas, estabelecido no Rio de Janeiro, desde a transladação da corte portuguesa. Tudo indica que o objetivo era aprofundar os conhecimentos sobre as propriedades agrícolas e as produções viáveis a serem implementadas por investidores franceses.
As instruções do Conde de Gestas, recebidas de Chateaubriand (ministro dos negócios estrangeiros da França à época), por ocasião das negociações sobre o tratado de reconhecimento da Independência, entre 1824 e 1825, visavam ampliar a influência da França contra as pressões da Grã-Bretanha, buscando também vantagens comerciais nas importações, especialmente de açúcar e café, já que o Brasil competia no mercado internacional com a produção francesa do Caribe.
A fazenda do Conde de Gestas na Tijuca era vizinha a da família Taunay. O local funcionava como um centro de reuniões de negociantes e artistas franceses, radicados no Rio de Janeiro, onde ocorriam jantares e recepções, frequentadas por Dom Pedro e Dona Leopoldina, além de outros políticos da Corte.
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"Sexta-feira, 18 de Junho de 1824. Depois de ter jantado em casa do Conde de Gestas, embarquei-me para a Praia Grande com Louis, un negro do Conde de Gestas, Martim, e duas mulas." p. 4. "[...] desembarque enfim perto das 2 horas. Chegado em casa de C. de Gestas. Jantar [...]" p. 63. |
Período: Local: |
Local alternativo ao 1.1, pois o Consulado Francês também era uma morada do cônsul. |
Período: Local: |
"Pouso em Praia Grande na Estalagem." p. 4. "Sexta-feira 3 de Jul[ho] [P]arti com as estrelas almoço na Praia grande, [em] uma venda." p. 63. |
Período: Local: |
"Avistamos vários barcos que transportavam de Santa Cruz uma cavalaria para Praia Grande [...]." p. 4. |
Período: Local: |
"O sol se levantava atrás da pequena igreja de Santa Anna que se destacava na beira muito fecunda do mar em Sertão vermelho." p. 5. |
Período: Local: |
"Portão Vermelho". p. 2. "igreja de Santa Anna que se destacava na beira muito fecunda do mar em Sertão vermelho". p. 5. |
Período: Local: |
"[...] Passando em São Gonçalvo, vilarejo bastante povoado a igreja almoço em Venda Grande [...]." p.5. "Pus-me novamente a caminho até a Venda Grande, onde parei e dormi para não chegar à noite à Praia Grande aonde eu previa que os barcos seriam impossíveis de obter." p. 60. |
Período: Local: |
"Chegada às 3 horas em São João de Taboraí. hospedagem em uma espécie de venda mais adiante da Igreja." p. 6. "Quinta-feira 2 de Julho travessia de algumas matas virgens mediocremente elevadas nas planícies. retomo o caminho de São João, almoço em S. João." p. 60. |
Período: Local: |
"Tapa - Coral [Sap] e a Cacarabou (Ponte de) [...]." p. 2. |
Período: Local: |
"Caminho de Macucu venda de Ponte-Pinheiro. Ponte de Cacarabu coberta de telha[s]<.> longa [...]". p. 8. |
Período: Local: |
"nós paramos na Venda Do Colégio, situada entre a [o]la[r]ia dos irmãos Carmelistas [...]." p. 8. "Chegada às duas horas na venda do Colégio [...]". p. 59. |
Período: Local: |
"chegada por volta de 4 horas em Santa Anna. hospedagem na Estalagem." p. 12. "Passo na frente da igreja Santana, no momento em que a missa ia começar." p. 59. |
Período: Local: |
"Almoço na fazenda do coronel Ferreira." p. 14. "Dormi no engenho do Coronel Ferreira [...]." p. 57. |
Período: Local: |
"Venda do Registro debaixo mantida por um Suíço." p. 16. "[...] meio-dia a 2 horas comida e descanso na venda do Suíço do registro debaixo." p. 57. |
Período: Local: |
"Terça-feira 22 de Junho. Passamos os horríveis caminhos e descem elevado pedregoso que sobem até o planalto cujo [fundo] é Morro-Queimado." p. 16. |
Período: Local: |
"Chegada em casa de Ba[lm]an [...]." p. 16; "finalmente voltei para a casa de Balman para ali passar a noite." p. 55. |
Período: Local: |
"Fui visitar o Sr. Régami[er] espécie de médico empírico. jantar na casa dele." p. 17. "Voltei jantar em casa do Sr. Régamier." p. 18. "Eu ia à casa do Sr. Régamier para voltar a pedir-lhe sementes para a Sra. Masson [...]." p. 54. |
Período: Local: |
"eu saí em seguida para caçar ao longo do caminho dos colonos a um quarto de légua [...]." p. 17. |
Período: Local: |
"Quarta-feira 23 de junho. Visita ao senhor Quebremont no 2º vilarejo." p.17. |
Período: Local: |
"[...] Fui na casa do pároco Sr. Joyet que estava em sua fazenda [...]."p. 17. |
Período: Local: |
"[...] e em casa do médico Sr. Bazel que tinha ido ao Rio de Janeiro." p. 17. |
Período: Local: |
"Fui em seguida à casa de Lapeyre." p. 17. |
Período: Local: |
"Deixando-o fui à casa do Sr.T[ar]in a meia légua do sítio." p. 18. |
Período: Local: |
"[...] pastor Alemão, [...], ele me levou à casa dele à noite." p. 18. |
Período: Local: |
"Sexta-feira 2[5] junho. Partida para Macaé pelo caminho dos colonos." p. 19. "Morro […] Cantos Macaé [...]." p. 39. "Em Macaé café pouco bonito grande e branco úmido [...]." p. 42. |
Período: Local: |
"Inicialmente perdido, ao voltar atrás encontrei um Alemão antigo colono, que segui, e sem o qual ele me deixou no 113o número no lote de terra dos colonos [...]." p. 20. |
Período: Local: |
"Finalmente, voltando à planície descoberta nós avistamos os fogos de uma casa em que entrei chamei por cima das paliçadas que a cercam ; e o Sr. Matilyn [...]." p. 20; "[...] eu levava uma jacutinga que o Sr. Leguier me dera e que eu queria deixar para o Sr. Matelin [...]." p. 22. "Segunda-feira 29 de junho. Pus-me novamente em marcha para encontrar Louis e as mulas; após ter-me despedido do Sr. Matilin [...]." p. 53. |
Período: Local: |
"Domingo, 27 de junho. fui após o almoço à casa do Sr. Tribouillet, vizinho próximo, a quem entreguei duas cartas do Sr. G. [...]." p. 21. "voltei par a casa do Sr. Tribouillet [...]." p. 22. |
Período: Local: |
"[...] em casa do Sr. Légu[ie]r. o tempo estava de uma tristeza horrível [...]." p. 22. |
Período: Local: |
"Deserto de Santa Luzia [...]." p. 37. |
Período: Local: |
"60 léguas. missõe[s] católicas Romanas [...] aldeia Padre Thomas aldeia da Pedra." p. 38. |
Período: Local: |
"uma cafe[...ne] [……] de Sr. Lorenzo [u] p[é] do rochedo do Cônego. [rio] Cônego B[angal] Santo Antonio [...]". p. 41. |
Período: Local: |
"A [Canta] [Gallo] café cana de açúcar terra árida arável difícil a obter aragem [...]." p. 41. |
Período: Local: |
"Baixo Macaé tout chap[..] café ao fim de 3 anos uma 1/2 libra de café." p. 42. |
Período: Local: |
"Quando eu cheguei na casa de Burnier." p. 53. |
Período: Local: |
"Fui à casa de Bardy onde comprei sementes de Alfafa [...]." p. 55. |
Período: Local: |
"Fazenda do alf[e]res Constantino Barboza em Sepetiba [...]." p. 59. |
Período: Local: |
"Encontro com Félix à noite na cátedra de Mde Mafon [..]che na [Teijuka]." p. 64. |
Período: Local: |
"9 de janei[ro] de 1825 noite agradável pa[ssada] em um passeio (e2l) [em] solitário [..] as colinas do Liv[ra]mento ladeando l. [….] p[...] [.]odos os [...]piches de Saude (onde se enforcam os negros) de ordem, de valongo. [..] [A….erte] do Livramento [panorama] encantador. [...]." p. 31. |
Período: Local: |
"22 de fevereiro de 1825. Quando eu estava atrás de [C……..] de São Bento, no sol poente, lendo a ode do Lago de Lamartine [...]." p. 92. |
Imagem | Relato |
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ampliar | Desenho associado ao caminho entre Praia Grande e São Gonçalo. Ver pontos de número 2, 4, 5 e 6. Esboço de caminho ladeado por cerca, plantas e um veículo de tração animal sendo guiado por uma pessoa em pé ao lado; ao fundo terreno elevado aparente. |
ampliar | Desenho associado ao caminho entre Santa Anna e São Gonçalo. Ver pontos de número 4, 5 e 6. "Vistas pitorescas da baía através das cercas vivas, das árvores para além de uma espécie de pastos coroados, quando se avança, pelas pontas dos [órgãos]. Casa na frente da qual se estende uma linha de bananeiras mais além uma grande savana, e na costa uma longa linha de mata virgem." p. 5. |
ampliar | Desenho associado ao caminho entre São João de Itaboraí e Ponte Pinheiro. Ver pontos de número 7 e 8. Esboço de paisagem ressaltando os elementos florísticos, hídricos e geológicos. |
ampliar | Desenho associado a Venda do Colégio. Ver ponto de número 9. Esboço de construção e ao fundo relevo montanhoso. |
ampliar | Desenho associado ao Engenho do Coronel Ferreira. Ver ponto de número 11. "[...] Fazenda do coronel Ferreira. engenho bem estabelecido com uma boa roda d’água, e um aqueduto em madeira para trazer água. os moinhos rodavam." p. 14. |
ampliar | Desenho associado ao caminho entre o Engenho do Coronel Ferreira e o Registro Debaixo. Ver pontos de número 11 e 12. Esboço de perfil de relevo e composição florística com personagem montado uma mula. |